quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Redação 2 - Pisando na bola


Você foi convidado a escrever um artigo para os alunos da Casa do Brasil sobre os falsos amigos entre o português e sua língua. Conte algumas gafes que você ou alguém que você conhece cometeu por usar o vocabulário errado, por ter uma pronúncia inadequada, enganar-se num tempo verbal ou se comportar fora dos padrões culturais. Dê dicas para que os colegas não sofram constrangimentos, evitem o ‘portunhol’ e usem melhor o idioma. Mínimo 250 palavras.

7 comentários:

  1. Caros alunos da Casa do Brasil, não é tão fácil o português como parece.
    Uma das coisas que mais me perguntam as pessoas quando lhes digo que estou em Portugal, é se já falo português, e depois acrescentam, de maneira quase automática: “O português é uma língua fácil, não? Não custa muito”. Eu sempre digo o mesmo: que sim, que o português é um idioma fácil (para um hispano falante) porque há muitíssimas semelhanças, de gramática e de vocabulário, mas tem que estudar, que não se aprende só com tomar cervejas pelo Bairro Alto de Lisboa ou pelo Rio de Janeiro. A verdade, atrapalha-me bastante (e sou espanhol) a atitude de muitos compatriotas que vão a Lisboa ou São Paulo que, como são línguas parecidas, não fazem o mais mínimo esforço não já por falar português, senão nem sequer por tentar falar espanhol mais devagar ou mais claro. Entram numa cafeteria e gritam (em espanhol): “Mevaponé tres cañas, dos cortaos cortos y unos pasteles de allí de crema”.
    E há também espanhóis que levam morando em Portugal vários anos e que não se esforçaram em aprender português porque afinal “como se entendem”. E claro que após viverem uns meses em Portugal “se entende”, mas falar corretamente é outra coisa. Há que estudar os verbos, conhecer a gramática (a ordem dos pronomes), aprender vocabulário, praticar a pronúncia, etc.
    Sim, o espanhol e o português são muito parecidos, mas precisamente por isso é muito fácil cair no portunhol. E assim se cai no erro dos “falsos amigos”.
    Mas não só se trata dessas poucas palavras com armadilha (“trampa”, aliás, é outro falso amigo, mas não vou dizer o que significa em Portugal): nós, os espanhóis, também temos enormes problemas com a pronúncia. Custa-nos muitíssimo distinguir entre o “s” surdo e sonoro, entre o ”s” e o “z” ou “ç”; ou entre vogais abertas e fechadas (avó e avô). Algumas pessoas também têm dificuldades para pronunciar as vogais nasais tão típicas do português.
    Há outro aspecto que para nós, os espanhóis, nos resulta algo esquisito ao aprender português: o dos tratamentos entre pessoas: num ambiente formal as pessoas não só não se tratam por “tu”, mas nem mesmo usar o “você” (estou falando de Portugal, não do Brasil), e falam-se uns a outros se mencionando em terceira pessoa ainda que estejam diante, e muitas vezes usando seus títulos: senhor, doutor, professor... e isso quando não unem tudo num “excelentíssimo senhor professor doutor”. Porque isso é outra: em Portugal há certa obsessão com os títulos, e todo o mundo é “doutor”, ainda que não tenha estudado medicina nem tenha um doutorado.
    Umas anedotas para ilustrar este último ponto: Na residência na que morei meu primeiro mês em Lisboa, me encantava a maneira na que me despedia a dona da residência: “bom trabalho, doutor!” Fazia-me sentir importante. Outra história foi quando eu ia ir a Portugal, troquei uns quantos e-mails com que ia ser minha supervisora, e ao quinto e-mail como via que ela era muito cordial comigo, me atrevi a “tuteá-la”; e ela não me corrigiu, e assim seguimos. Quando cheguei a Portugal compreendi que aquilo era muito incorreto.
    Também foi um choque para mim, quando na primeira reunião que tive com ela, começou a dizer coisas como “espero que o Tonho esteja a gosto” “o que é o que Tonho vai fazer?”, que me davam vontades de responder. “estou aqui”, “eu sou Tonho!” “Porque fala de mim como se não estivesse?” Agora, porém, já me acostumei, e esse giro da terceira-segunda pessoa me sai involuntariamente também ao falar ou escrever em espanhol.

    Tonhão Descontrolado

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  2. Oi, galera!
    Quem não pisou na bola ao falar português? Eu mesmo pisei... à beça!!! Eu disse que estava pelado quando realmente queria dizer que estava duro, e também achei estranho quando a garçonete me deu polvo. Polvo? Para o almoço? De jeito nenhum!!! Eu não gosto de acordar cedo, mas, acordar-me, do que? Não me lembro...
    A gente acha sopa o português porque tem muitas semelhanças com o espanhol; mas também tem muitos falsos cognatos. A cena portuguesa não é a mesma coisa que a cena espanhola. Não têm nada a ver!!! Tenham cuidado!!!
    Mas estas e muitas outras gafes são normais. É preciso que vocês não fiquem sem jeito quando cometam algumas delas. O que têm que levar em conta é que para não cometerem os mesmos erros de vez em quando, têm que arrumar o que vocês fizeram mal.
    É muito importante também escutar, ver, ler muito português. É a melhor forma de evitar essas gafes. Têm um leque de possibilidades na aula virtual. Olhem la!! Já é hora de pôr as mãos na massa e não falar mais portunhol.
    No que diz respeito à pronúncia já sei que é um dos maiores problemas para os espanhóis que estão estudando português. Para a gente a ênfase na pronúncia não tem pé nem cabeça, mas tem que pegar o jeito. É muito importante para o falante de português!
    Se vocês desejam falar um português mais legal vai ser preciso fazer estas e muitas mais coisas. Faço questão de dizer isto: estudem o não achem que já sabem tudo.
    Até mais!

    O Carlão

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  3. SE PISAREM NA BOLA…
    Quem não pisou na bola alguma vez num país estrangeiro? Sejam bem-vindos à Casa do Brasil de Madri e não esqueçam que se usarem falsos cognatos não serão nem os primeiros estudantes nem os últimos em passar um perrengue.
    Cuidado para não falarem qualquer coisa sem pé nem cabeça. Neste artigo não quero justificar de jeito nenhum aqueles falantes de línguas estrangeiras que depois de aprenderem quatro palavrinhas suficientes para a sobrevivência básica ficam na comodidade do grupo de compatriotas, pessoas que sabem comprar pão, pegar o ônibus e pedir uma cerveja, mas misturam tudo sem vergonha.
    Eu mesma fui uma estudante “cômoda” de português aqui, na Casa do Brasil, até que conheci meu namorado, Almir, paulista, e comecei a fazer amizade com seus colegas. Ai! Por quantos constrangimentos passei! Fiquei sem jeito quando seus pais vieram a Madri e eu exclamei com meu melhor sorriso:
    “Que grande ilusão é conhecer vocês! “
    “Almir, por que ela tem ilusão?” foi a resposta da sua mãe enquanto o Almir pedia desculpas.
    Tive uma pequena satisfação, porém, quando no primeiro jantar com as duas famílias, o Almir cumprimentou minha mãe por ter sempre “polvo” em casa quando ele visitava (Almir adora a cozinha galega). Depois, eu tentei conversar com meus sogros sobre o grande problema de “tráfico” que nós, os madrilenos, temos na cidade.
    Dito isso, Almir e eu fazemos questão de não confiar no nosso nível de conhecimento da outra língua e de sempre confirmarmos com um olhar se estamos, ou não, PISANDO NA BOLA.
    Vivi. C1 DESCONTROLADA

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  4. SE PISAREM NA BOLA…
    Oi gente!
    Sempre é mais fácil comer gafes na língua alheia e por isso Eu gostaría de falar com vocês sobre minha experiência e o problema dos falsos amigos, quem dera vocês não tivessen o mesmo problema! Contudo, ter estes erros faz a aprendizagem mais divertido e embora vocês tenham gafes não tem que se- espinafrar.
    Um dia eu fiquei sem jeito quando, perguntando a um porto- riquenho se là havíam muitos “bichos”, ele comeÇou a rir; em Porto Rico “bicho” não significa o mesmo que em Espanha. Aqui, em Espanha “bicho” é o mesmo que inseto mas lá, é uma palavrão con conotaÇão sexual... naturalmente que lá havían muitos “bichos” porque hai muitos homens (eu gargalho de lembrá-lo).
    Isso posto, eu gostaria de ayudá-lhes pra tentar de evitar, se fosse possível, situações embaraÇosas. A gente tem que saber que as tapas em Espanha podem-se comer e, de feito, é muito comum sair e comer “tapas” com amigos; a traduÇão de “tapas” em espanhol é “bofetadas”; eu sei que pode ser um pouco embolado.
    Se vocês têm fome e quer comer algo de sobremesa tem que pedir um “postre”; em Espanha a sobremesa é o tempo de bate papo depois de comer, os espanhois gostam muito dele é, curiosamente, nesse tempo eles não comem.
    Além disso é importante que vocês saiban que depois de ir de “tapas” o tempo todo vão ter que fazer esporte pra não ganhar peso. Os espanhois fazem deporte nos “gimnasios”; nas “academias” eles estudan.
    Finalmente, e gostaria aclarar que de “tapas” vocês poderiam comer “setas” sem ter nenhum problema... (as “setas” em espanhol são cogumelos em português), mas devem prestar atenÇão com as “flechas”, não gostaria de ter um aluno brasileiro lesado...de jeito nenhum!
    Um abraÇo
    María

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  5. Pisando na bola

    Às vezes tenho ouvido que falar português é sopa. Ou que o português e o espanhol são a mesma lingua com outro sotaque diferente, mas isto não é assim. Se vocês não querem pisar na bola devem ficar atentos a algumas expressões para não cometer as típicas gafes.
    Se vocês vão pagar uma conta, por exemplo, não podem dizer que vão pagar “em espécie” porque aqui pagar “em espécie” tem um significado sexual.
    Não se alarmem se ouvirem “He gozado mucho en estas vacaciones” porque o significado de gozar em espanhol é curtir, e não aquilo que pensam.
    Os namorados na Espanha são os “novios” e não têm a ver com os noivos brasileiros, aqui é muito fácil mudar de “novio”. Não cometam erros.
    Se ouvirem coisas como “mi padre está todo el rato molestandome” não se escandalizem, pois não tem a ver como as coisas da igreja e o estupro. O que quer dizer é que o pai da garota a atrapalha o tempo todo.
    Vocês poderão ouvir coisas como “quitar el polvo”. Isso significa borrar o pó. Mas fiquem atentos e nunca falem sobre o póna Espanha, porque podem ficar sem jeito se encontrarem vocês com uma pessoa debochada ou que pretende passar vocês para trás.
    Os falsos amigos entre o espanhol e o português são muito habituais se não estudarem diariamente.
    Porém, apesar disso se vocês falarem alguma coisa sem pé nem cabeça os espanhóis saberão agradecer o esforço por vocês tentarem entender.

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    Respostas
    1. Inclusive postando minha redação cometi uma gafe quando quis dizer borrar o pó realmente queria dizer tirar o pó. Isto demonstra que continuo pisando a bola diariamente. Minhas desculpas...

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