quarta-feira, 3 de abril de 2013

Teste o seu português!

publicado em 16/04/2012 às 18h06:

Erros de português reprovam quase 40% dos candidatos a estágio.

Estudantes de design, matemática e pedagogia têm os maiores índices de reprovação.
Uma pesquisa realizada pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) aponta que quase 40% dos estudantes são reprovados em seleções de estágio por não terem bons resultados em testes de português.

O levantamento foi feito com 6.716 estudantes. O índice de reprovação é de 39,78% para alunos de nível superior e tecnológico. Já os estudantes de nível médio e técnico têm 36,73 % de reprovação em testes de ortografia.

Os alunos com maiores índices de reprovação são dos cursos de artes e design (70,59%), matemática (66%) e pedagogia (50%). Na área de jornalismo, a reprovação chega a 49,45%, de acordo com a pesquisa. 

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Os alunos de engenharias e de direito são os profissionais com mais sucesso nos testes de ortografia. Cerca de 74 % dos estudantes de engenharia são aprovados no teste, os estudantes de direito são 82,75 % aprovados. 
Segundo o Nube, os números apresentados mostram a falta de qualidade nos profissionais do mercado de trabalho, onde muitos iniciam aulas para falar um segundo ou até terceiro idioma para aprimorar ainda mais o seu currículo, mas não têm intimidade com a primeira língua – o português.

Faça o teste aqui (no final do texto) e veja as respostas corretas do quiz aqui.

terça-feira, 12 de março de 2013

Projeto Saúde Bombeiros

Famílias sob o governo de crianças


12/03/2013 - 05h00

A família está sob o governo das crianças, afirma pesquisadora

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Theodoro tem dois anos e 11 meses e o apelido de "Theorremoto", ganho às custas de muita birra. "Não muito orgulhosa disso", a mãe, a estilista Marina Breithaupt, 32, diz que o menino manda nela, no pai e na irmã de 11 anos.


"Saímos quando ele quer, assistimos ao que ele gosta na TV. Ele quer tudo antes da irmã e decidiu que não dorme mais na cama dele, só na nossa", conta a mãe.

Adriano Vizoni/Folhapress
Theodoro,de dois anos e oito meses, no prédio onde mora, em Campinas
Theodoro,de dois anos e oito meses, no prédio onde mora, em Campinas

Se ouvir um não, o menino "faz escândalo, vira um inferno". A família deixou de ir a shopping porque Theo quer tudo o que vê. E só vai a restaurante que tem parquinho: um dos pais brinca com ele enquanto o outro come.

A última do garoto é não querer ir à escola. "Já acorda dizendo que não vai. Num domingo, resolveu que queria ir", diz Marina. "Sou rígida, mas acabo cedendo para evitar problemas. Ele tem personalidade dominadora." Ele e uma geração inteira de pequenos ditadores, na explicação de Marcia Neder, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Psicanálise e Educação da USP e autora do livro "Déspotas Mirins - O Poder nas Novas Famílias" (Zagodoni, 144 págs., R$ 34).

"Vivemos uma 'pedocracia'", diz, dando nome ao fenômeno das famílias sob o governo das crianças. "Há 50 anos, elas não tinham querer. Agora, mandam." Segundo Neder, estamos no ápice da tirania infantil. "Muito se fala sobre declínio de poder paterno e ascensão do materno. Discordo. Quem ganhou poder nas últimas décadas foram os filhos", diz.
A falta de limites é sinal da derrota dos pais, na visão dela. "A criança foi a grande vitoriosa do século 20."

E não precisa ser mandão para manter o reinado. Mesmo sem espernear, os filhos têm as vontades atendidas e a rotina da casa organizada em função deles. "O adulto é um satélite em volta da criança", diz Neder, que considerada urgente um esforço pela retomada do poder adulto. "Vamos pagar o preço de ver esses tiranos crescidos."

quinta-feira, 7 de março de 2013

"Foodies" - Viciados em comida


03/03/2013 - 20h00

Viciados em comida chegam a gastar 60% do salário em restaurantes

BRUNA HADDAD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Programa TV FolhaRodrigo Saraiva, 29, sempre ouviu do pai que não se deve economizar com comida. "Acho que estou elevando esse conselho para outro patamar", brinca o diretor de arte de cinema, que gasta cerca de 40% do salário em restaurantes.

Embora sempre tenha gostado de comer, o paranaense intensificou o hábito de frequentar restaurantes há um ano, quando passou a viver em São Paulo. Ao lado do namorado paulistano, sai, em média, cinco vezes por semana atrás de novos lugares.

Quem são os "foodies" paulistanos


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Julia Rodrigues/Folhapress
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A estilista Ana Paula Tieko, 28, no Attimo

Rodrigo gosta de comer, conhece lugares caros, gasta dinheiro com isso. Mas não é exatamente um gourmet --segundo o "Houaiss", aquele "que se regala com finos acepipes e bebidas".

Para definir tipos como ele, se popularizou na Inglaterra, nos anos 1980, o termo "foodie", que descreve aficionados de comida que não escolhem o restaurante pelo preço. Segundo o americano Paul Levy, coautor do livro "The Official Foodie Handbook" (manual oficial do "foodie"), de 1984, o significado se mantém atual. "Gourmets são elitistas e antiquados", afirmou à São Paulo.

Em comum, os "foodies" paulistanos têm menos de 30 anos, ganham salários entre R$ 3.500 e R$ 12 mil e não têm filhos. Esse é o perfil dos entrevistados que se assumiram como viciados em comida.

Em vez de gastar com carros, eletrônicos ou arte, "investem" em entradas, pratos principais e sobremesas. Alguns chegam a dedicar até 60% da renda mensal para bancar experiências gastronômicas.

A cidade, famosa pela gastronomia desde o século 19, favorece esse hábito. Hoje, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), temos 13 mil restaurantes.
Para Nina Horta, escritora e dona do bufê Ginger, São Paulo é a terra dos "foodies". "Isso está mudando, mas no Rio, por causa do calor, o forte são os botequins", afirma a colunista da Folha.

Já para Marcelo Traldi, professor e pesquisador de gastronomia do Senac, a capital tem uma caracterização diferente em termos de comportamento de consumo --aqui, o mercado é muito desenvolvido. "A cidade tem docerias baratas e caras, especializadas em brigadeiro, quindim... O mercado maduro faz com que o consumidor aceite experimentar coisas novas."
E é o que o ele tem feito. A publicitária Mariana Ferreira, 23, troca balada, cinema e teatro pelo ritual que se desenrola entre o momento em que chega a um restaurante e o instante em que paga a conta. Gosta especialmente de saborear pratos feitos com cuidado e conversar com a pessoa à sua frente. "É um tempo que me escapa no dia a dia", afirma Mariana, que dedica 40% da renda mensal ao hábito. Quando viaja,
separa 70% para isso.

A estilista e "cool-hunter" Ana Paula Tieko, 28, mora em São Paulo, mas se divide entre temporadas de trabalho em Tóquio, Hong Kong e Xangai. Na semana anterior à conclusão desta reportagem, almoçou no The Gourmet Tea (Pinheiros) na segunda, jantou no Takô (Liberdade) na terça e, na quinta, comeu no Lamen Kazu (Liberdade) e no Suri (Pinheiros).
A estilista evita fins de semana para escapar da espera. Entre os entrevistados, é consenso que os melhores dias são terça, quarta e quinta. No domingo, só com muita disposição.


MESA PARA CINCO

Criada pela avó japonesa, Ana Paula passou a respeitar mais os alimentos após suas estadias na Ásia, onde, diz, "as refeições são sagradas". Além de viagens, é comum a formação gastronômica dos "foodies" vir da família.

Na infância, a administradora e especialista em saquês Ana Toshimi, 29, costumava sair para jantar com os pais e o irmão toda sexta-feira. Até hoje ela se lembra do aniversário de 12 anos, comemorado com a família e as amigas no Baby Beef Rubaiyat, no Paraíso.
Também guarda na memória os momentos em que provou lagosta --"nem sabia por onde começar"--, ovas, "escargot", sushi de vieira e "crema catalana", o doce da Catalunha semelhante ao "crème brûlée".

Hoje, Ana Toshimi, ao lado do marido, sai ao menos uma vez de segunda a sexta e sempre aos fins de semana. "Não que seja bom para o bolso e nem que eu meu orgulhe", brinca. Quando morava com os pais, chegava a deixar metade do salário em restaurantes. Hoje, a quantia diminuiu --ambos têm cozinhado mais em casa.

O publicitário Atair Trindade, 27, também lembra de experiências gastronômicas de quando era "moleque", como "polpettone". "Gosto de comida desde criança", conta ele, que reserva 40% para suas descobertas gastronômicas mensais. "Sempre que experimento algo novo, penso: 'Nossa, como pude viver tanto tempo sem isso!'", afirma.

Vitor Leal, 13, vive um período semelhante. Filho de psicólogos que "trabalham para comer", o adolescente enumera os quitutes que provou na primeira visita à Feirinha Gastronômica da Vila Madalena, no domingo passado (24) --taco, casquinha de siri, pastel, sanduíche de pastrami, polvo na grelha, uma tortinha de chocolate com paçoca e sorvete.

"Não tínhamos esse acesso", conclui a mãe, Andrea Leal, que costuma levar o filho a restaurantes como o Famiglia Mancini, na Bela Vista. "Ele adora, experimenta tudo e sempre repara em detalhes do ambiente."


Onde encontrar um "foodie"

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Karime Xavier/Folhapress
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EPICE: A paleta de cordeiro, a barriga de porco e os pescados chamam a atenção no restaurante do chef Alberto Landgraf

A CONTA, POR FAVOR

Os "foodies" endossam o coro de que a cidade está cara demais. Mas dizem que os valores são relativos --depende se o restaurante "entrega" o que cobra. "Em qualquer bistrô não deixo menos de R$ 140. Caro, para mim, é mais que R$ 400", diz Ana Paula, que gasta isso em dias especiais.

Quando a experiência impressiona, o publicitário Marcelo Colmenero, 29, não liga para a conta. "A degustação do Maní não é barata [R$ 310], mas eles são competentes. Dá gosto pagar, é uma forma de, como cliente, dizer que eles estão no caminho certo."

Delimitar quantias mensais ajuda a evitar a falência. Ana Toshimi fez um orçamento do quanto gasta com comida. Marcelo acompanha as faturas on-line do cartão de crédito. Perdulários, glutões? Ele não se lembra de ter ouvido piadas. "As pessoas veem como eu me empolgo, os olhos brilham, eles sabem que é importante pra mim."

Uma das diferenças, por definição, entre gourmets e "foodies" é que estes não vão só a estabelecimentos refinados. Parte da graça está em "descobrir". "Quando descobre um lugar bom e barato, o 'foodie' de verdade não vai pensar em status", define Nina Horta. Casas fora do circuito são alvos de disputas discretas. "Sempre rola um 'vou te falar um lugar que duvido que você tenha ido'", brinca Atair.

Ir a casas menos óbvias é uma opção para os que têm baixo orçamento. Outras alternativas são a comida de rua, não regulamentada na capital, e eventos como Chefs na Rua, que atraiu uma multidão na Virada Cultural.

"A gastronomia é voltada para um público mais velho, porque pessoas de 20 e poucos anos não têm grana", diz Danilo Nakamura, 27, formado na área e colaborador de publicações especializadas. Ele diz visitar restaurantes até sete vezes por semana, pagando do próprio bolso. Já chegou a gastar 60% do salário.

"Ter acesso a um tipo de alimento significa conhecer outros tipos de cultura", diz Marcelo Traldi, do Senac. Ele reconhece que São Paulo tem um cenário desenvolvido, mas perde para outras metrópoles: "Um nova-iorquino já provou quase tudo porque encostou em carrinhos na rua". Por "carrinhos", refere-se aos "food trucks", restaurantes em caminhões.

Maurício Schuartz, organizador do Chefs na Rua e da Feirinha Gastronômica, ouviu, durante o evento que promoveu na praça Ramos, em janeiro, a frase que para ele melhor define o cenário atual. Observava dois meninos de uns 15 anos na fila de uma barraca do Così quando um disse para o outro: "Mano, curto muito pato". Eram dois "foodies" em formação.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Doação de órgãos

Expectativa de vida dos brasileiros

População brasileira atinge 194 milhões de pessoas
31/08/2012 19:00 - Portal Brasil

Os dados foram divulgados pelo IBGE e mostram que em um ano população do País aumentou 0,81%  

Em 1º julho deste ano (2012), a população brasileira alcançou 193.946.886 de pessoas, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada nesta sexta-feira (31) no Diário Oficial da União.

Segundo os dados, a população cresceu 1,57 milhão (0,81%), em relação a julho de 2011. Pela projeção, o estado de São Paulo é o mais populoso, com 41,9 milhões de pessoas.

Depois de São Paulo, Minas Gerais é a unidade da Federação mais populosa (19,8 milhões), seguida do Rio de Janeiro (16,2 milhões), da Bahia (14,1 milhões), do Rio Grande do Sul (10,7 milhões), Paraná (10,5 milhões), de Pernambuco (8,9 milhões) e do Pará (7,7 milhões).

O município de São Paulo continua sendo a cidade mais populosa do Brasil com aproximadamente 11,4 milhões de pessoas (27% dos residentes no estado e 5,86% do total da população brasileira).

A divulgação das estimativas populacionais está prevista em lei, e os dados estatísticos são usados para o cálculo de indicadores econômicos e sociodemográficos do governo federal, além de servir de parâmetro para a repartição de recursos das políticas públicas e para a distribuição do Fundo de Participação de Estados e Municípios.

Conforme resolução do IBGE, a forma de fazer a projeção do tamanho da população no próximo ano será modificada. “Deverá incorporar novas informações relacionadas à dinâmica demográfica local e incluir procedimentos metodológicos alternativos, como aqueles que fazem uso de variáveis econômicas, sociais e demográficas em nível municipal”, diz o texto.

Em 2013, o chamado Sistema de Projeções da População do Brasil, será atualizado com as informações do Censo Demográfico 2010, das pesquisas por amostragem mais recentes (Pnad).

Censo

Em 2010, os brasileiros e as brasileiras participaram ativamente do levantamento do Censo 2010. As áreas urbanas concentram 84,36% da população, enquanto a região Sudeste continua sendo a mais populosa, com mais de 80 milhões de habitantes. 

Expectativa de vida dos brasileiros 

Expectativa de vida dos brasileiros aumenta 25 anos. Vários foram os fatores que propiciaram essa ascensão, dentre muitos, o crescimento econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, aumento do consumo entre outros. 

De acordo com o IBGE, a média de vida de um cidadão brasileiro é de 72,7 anos. Expectativa ou esperança de vida corresponde à quantidade de anos em média que uma determinada população vive. Esse item é um importante indicador social que serve para avaliar a qualidade de vida de uma população de um determinado lugar.

Vídeo

Longevidade


A longevidade é necessariamente uma coisa boa?

Atualizado em  1 de março, 2013 - 13:54 (Brasília) 16:54 GMT
Foto: BBC
Alguns afirmam que obsessão com vida longa está levando a 'incapacidade prolongada'
Todos os anos, aumenta o número de pessoas idosas tanto nos países desenvolvidos como nas nações em desenvolvimento, graças às descobertas da medicina moderna para atrasar as fronteiras da morte, mas a longevidade é necessariamente uma coisa boa?
Na Califórnia, a forma física é levada a um extremo. Há lojas em Beverly Hills, local conhecido por sua obsessão com a imagem, apinhadas com comprimidos e fórmulas que visam prolongar a vida. Em Santa Monica, há tantos programas de treinamento ''boot camp'' e tantas sessões de ioga em parques públicos que autoridades locais já pensam em impor um limite.
''Na Califórnia, você pessoas se exercitando às 5h15 e isso ou faz bem a elas ou faz parte de uma psicose neurótica séria na qual elas estão infelizes porque estão ficando mais velhas'', afirma Ed Saxon, que produziu o filme Fast Food Nation, em 2006.
''Uma pessoa de 55 anos que imagina que deva se parecer com alguém de 25, se submetendo a cirurgias e se exercitando fanaticamente para que isso aconteça, tudo isso me parece uma má ideia. A obsessão em parecer mais jovem do que você realmente é."
Além da loucura em torno da forma física, existem os conselhos incessantes em torno do que se deve comer para permanecer jovem. Eu deveria tomar mirtilo, couve batida ou comer torrada sem glúten? E vinho tinto faz bem para mim ou não? E quanto ao chocolate?
Pode ser desconcertante, mas o objetivo é claro. A morte tem de ser adiada o máximo possível.

Incapacidade prolongada

''Nos Estados Unidos, se assume como fato que a longevidade é algo bom'', afirma Susan Jacoby, autora do livro Never Say Die (Nunca Diga Morrer, em tradução literal).
''Muito dessa crença irracional de que há coisas que você pode fazer para se assegurar contra a velhice e a doença tem a ver com o fato de que nós, nos Estados Unidos, realmente não gostamos de envelhecer'', comenta a escritora.
Jacoby, de 67 anos, faz duras críticas ao que chama de ''lixo de estilo de vida'' e ''lixo de suplementos alimentares''.
''Se você for olhar com mais atenção para essas pessoas que te dizem que você pode ser uma pessoa saudável aos 120, existe um homem ou uma mulher vendendo alguma coisa'', comenta.
A verdade, diz a autora, é que a maior parte das pessoas que vivem além dos 90 irão morrer após passar ''um período prolongado de incapacidade''.
''Nós estamos acreditando nesse mito de que como estamos atualmente mais saudáveis do que nunca aos 67 anos, estaremos assim também aos 87 ou aos 97. Mas a verdade é que graças a alguns avanços duvidosos da medicina moderna, que mantém pessoas vivas não importa o quê, é que será preciso refletir mais sobre como cuidar dessas pessoas.''
"'Se você for olhar com mais atenção para essas pessoas que te dizem que você pode ser uma pessoa saudável aos 120, existe um homem ou uma mulher vendendo alguma coisa."
Susan Jacoby, autora do livro Never Say Die
Em 1980, James Fries, professor de medicina da Universidade de Stanford, anteviu uma sociedade em que doenças crônicas seriam adiadas e reduzidas. Nessa sociedade, pessoas levariam vidas saudáveis e morreriam de forma relativamente rápida, reduzindo a quantidade de deficiência e incapacidade.
Fries chamou a isso de ''morbidez comprimida'' e seu trabalho foi creditado como o marco das origens do paradigma moderno para se envelhecer de forma saudável.
O problema é que é mais fácil aconselhar pacientes sobre como prolongar suas vidas saudáveis do que reduzir qualquer período de saúde em declínio.

Boa morte

Joseph e Anne Gias são um casal saudável na faixa dos 60 anos, mas eles se preocupam com os percalços da velhice. ''Não quero passar dos 80. Eu creio que entre os 80 e os 85 as pessoas se deterioram muito. Já vi muita deterioração nessa faixa etária e não quero que isso aconteça comigo'', afirma Anne.
A despeito dos temores de Anne, há exemplos de pessoas que levaram vidas longas e saudáveis. Quando Besse Cooper morreu em dezembro do ano passado, aos 116 anos, ela era a mulher mais velha do mundo.
De acordo com relatos, ela estava com uma saúde incrível e nunca se queixou de dores. Ela levava uma vida ativa e se recusava a comer ''porcarias''.
No seu último dia de vida, ela comeu um generoso café da manhã, fez o cabelo e viu um vídeo de Natal com amigos.
Besse morreu em paz à tarde, após ter sofrido problemas respiratórios. Ela é um raro, mas bom exemplo da morbidez comprimida, a que se referia James Fries - uma vida longa e saudável e uma boa morte.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Quanto custa um filho?


27/02/2013 - 08h30

Criar um filho até os 23 anos no Brasil custa até R$ 2 milhões

DO "AGORA"
DE SÃO PAULO
FolhainvestAtualizado às 12h13.
Nos primeiros 23 anos anos de vida de um filho, os pais brasileiros chegam a gastar até R$ 2.086.602 para custear despesas como educação, lazer, saúde e vestuário.

Somente a fatia relacionada aos estudos em todo esse período de crescimento representa 34% desse total, o equivalente a R$ 703.644, segundo pesquisa feita pelo Invent (Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing).


A pesquisa faz cálculos para quatro classes sociais: A (renda maior que R$ 25 mil por mês), B (de R$ 6.000 a R$ 25 mil), C (de R$ 2.000 a R$ 5.999) e D (menos de R$ 2.000) --veja a tabela abaixo.

Os dados apontam que os gastos crescem com a idade. Até os quatro anos, por exemplo, o custo/ano vão até R$ 63 mil --dos 20 aos 23 anos chega a R$ 122 mil.

Para o presidente do Invent e responsável pela pesquisa, Adriano Maluf Amui, vale mais a pena usar da melhor maneira possível o que se tem no bolso e construir
uma família organizadamente do que viver de altos e baixos financeiramente.

"Planejar não significa adotar uma postura radical e inflexível, como muitos pensam. Um exemplo simples de planejamento é: se você investir R$ 100 por mês desde
o nascimento do seu filho em um investimento que renda 10% ao ano, aos 18 anos terá poupança de R$ 57.670", afirma.

LAZER CUSTA R$ 421 MIL

Os gastos com o lazer dos filhos (como cinema, clubes, festas de aniversário e viagens) podem chegar a R$ 421 mil em 23 anos, segundo a pesquisa. Esse valor é
para a classe A.

As classes B e C gastariam bem menos com lazer (R$ 94,8 mil e R$ 38,8 mil, respectivamente), de acordo com a pesquisa. A classe D reservaria valor mínimo para o lazer dos filhos: R$ 4.800 durante os 23 anos.
Editoria de arte/Folhapress

DO BERÇO

Quando o assunto é a chegada de um bebê na família, o que os pais costumam elencar primeiro são itens como berço, trocador, carrinho, mamadeira e enxoval. Mas gastos com parto, babá, pediatra, vacinas e até o aumento nas contas da casa devem entrar nessa lista.

Os gastos da família durante a gestação sobem de 20% a 30%, em média, segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos. E só aumentam durante os anos seguintes ao nascimento.

Para evitar problemas no orçamento, nove meses não bastam. Consultores sugerem se planejar com cerca de dois anos de antecedência e colocar tudo no papel para fugir do endividamento.

Para essa fase, o educador financeiro Mauro Calil recomenda: separe o que é desejo do que é necessidade, fuja das grifes e peça fraldas no chá de bebê.

O planejador Marcos Silvestre acrescenta: pesquise preços em diferentes áreas da cidade e monte uma planilha para, só depois, comprar.

Além disso, é preciso contar com os gastos do acompanhamento médico e com as despesas do parto, que chega a custar cerca de R$ 15 mil, segundo Calil.
Editoria de arte/Folhapress

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Guarda Compartilhada e Paternidade Responsável



Pratique
  1. O que é a guarda compartilhada?
  2. O que tem mudado na vida dos casais separados com relação à custódia dos filhos?
  3. O que é a paternidade responsável e a alienação parental?
  4. O que você acha que deve ser feito para evitar que a separação dos pais não seja traumática para os filhos?
  5. O que quer dizer o lema "pais se separam, filhos não"?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Políticos suecos sem "mordomia" (Partes 1, 2 e 3)

  1. O que são os apartamentos funcionais e como é vida dos deputados federais nesses lugares?
  2. Como era a vida dos deputados até a década de 90?
  3. Como é a moradia do Primeiro Ministro?
  4. O que o cidadão entrevistado pensa sobre as mordomias políticas?
  5. Em comparação com o seu país, o que você opina sobre o tema?


  1. Como são as condições de vida dos prefeitos, governadores, deputados estaduais e vereados da Suécia?
  2. Como é a vida dos 2 políticos que aparecem no vídeo?
  3. Como são tratados os gastos com viagens?
  4. Há imunidade política na Suécia? O que você opina sobre isso?
  5. O que foi o caso Toblerone?
  6. Em comparação com o seu país, o que você opina sobre o tema?


  1. O que é a lei da transparência sueca? Cite exemplos.
  2. O que o cidadão pode verificar na Sede do Registro Central do Governo?
  3. O que você opina sobre a transparência política do seu país?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Interculturalidade. Você sabe o que é?

   Divulgação
INTERCULTURALIDADE
"No Brasil, acredito, vocês têm uma identidade nacional, mas também existem claras divisões regionais e identidades locais.
Isso sem contar as identidades étnicas. No fim, os brasileiros não são nem só brasileiros nem são também só nordestinos ou sulistas; eles são tudo isso ao mesmo tempo. As identidades regionais e a nacional não se sobrepõem ou se anulam;
vocês são todas essas identidades." Fonte: Revista Época
Vivemos em um mundo cada dia mais conectado e em que as pessoas estão cada vez mais em contato umas com as outras. A afirmação já é tão disseminada que virou praticamente um clichê. Apesar disso, pouca gente sabe que essa nova realidade virou objeto de estudo e acabou criando um novo campo teórico. Assim como a sociologia e a antropolgia, o interculturalismo estuda as culturas dos povos, mas se diferencia de ambas essas áreas por propor uma análise do ponto de vista da interação entre as pessoas.
“A Comunicação Intercultural é uma evolução da Teoria da Comunicação para um contexto mais global; defende que as pessoas precisam primeiro entender a si, aprender a dar significado a suas próprias formas de comunicação, para só então poder criar significados que façam sentido para todos os outros”, afirmou, a ÉPOCA, o interculturalista Milton J. Bennett, considerado um dos pais da área e um dos mais importantes estudiosos do tema.
Bennett defende que a aprendizagem intercultural é essencial para que todos convivam em paz no mundo. Segundo ele, devido às diferenças que existem entre todos nós, acabamos por nos eliminar. “Primeiro tentamos converter a pessoa diferente para que seja igual a nós. Infelizmente, porém, se essa conversão falha, a história mostra que o ser humano parte para a saída mais simples, que é eliminar o povo culturalmente diferente”, disse.
Como evitar esse extremo? Bennett diz que a saída é oferecer educação intercultural em todo o mundo, principalmente por meio de programas interculturais altamente capacitados e de institutos e ONGs de ensino da interculturalidade. Além, é claro, de se reforçar a ideia de que, no fundo, somos todos iguais, independentemente de onde nascemos.

ÉPOCA – Qual a importância do interculturalismo para a sociedade moderna?

MILTON J. BENNETT – Temos que voltar um pouco na história desse campo de estudos. No século passado, o canadense Marshall McLuhan criou o termo “aldeia global”. O que ele quis dizer por “aldeia global” certamente não era que todas as pessoas se tornariam iguais umas às outras, mas que pessoas diferentes poderiam estar mais próximas, ter um maior contato. Basicamente ele quis dizer que nós nos tornaríamos todos vizinhos. E foi isso que aconteceu.

Os estudos realizados até hoje para comprovar a existência de uma cultura global não chegaram a nenhuma conclusão - as pessoas estão mantendo firmemente suas visões de mundo e suas culturas próprias, o mundo não está se “globalizando” como as pessoas achavam que o faria. O que acontece é que as pessoas estão interagindo mais umas com as outras. Acredito que esse aspecto seja consistente com aquilo que nós, interculturalistas, defendemos, que é: por causa desse contato maior entre as pessoas, há uma necessidade de melhorarmos a forma como nos expressamos uns com os outros, e principalmente focar naqueles pontos em que falhamos na comunicação entre duas culturas distintas. À medida em que as sociedades tornam-se mais multiculturais, e isso quer dizer que há mais mobilidade entre as pessoas, que há mais movimentos de imigração da população, a comunicação, a linguagem precisa melhorar.

ÉPOCA – Então quer dizer que tudo e todos estão se misturando?

BENNET – Acredito que o Brasil, assim como os Estados Unidos, está passando por um aumento em sua demografia multicultural, mas ninguém hoje defende mais a ideia de um “caldeirão étnico”. A expressão foi cunhada por Israel Zangwill em 1908, que escreveu uma peça para explicar o movimento imigratório de europeus nos Estados Unidos. O texto da peça falava que os imigrantes europeus que iam para os Estados Unidos estavam se misturando, “derretendo” no caldeirão cultural americano, e ajudando a formar uma “superraça” humana, com o melhor das etnias. A ideia ganhou popularidade rapidamente porque dizia, basicamente, que as pessoas estavam perdendo suas raízes étnicas para se tornar algo novo - no caso dos Estados Unidos, se tornariam americanas, quase que renegando suas origens africanas, europeias ou asiáticas. O problema com essa ideia é que isso simplesmente não ocorreu. O que aconteceu com os imigrantes no passado - e continuará a ocorrer com os estrangeiros hoje - é que eles mantiveram suas raízes ao mesmo tempo em que foram capazes de participar da cultura nacional do país. Por isso, hoje, ninguém está mais dizendo que você é capaz de deixar de ser brasileiro e tornar-se um italiano só porque mora na Itália; no caso, o que há é uma espécie de cultura híbrida. Por essa razão, cada vez mais é necessário às pessoas que desenvolvam habilidades interculturais específicas para poder lidar com o diferente e poder viver em sociedade pacificamente.

ÉPOCA – Em que ponto, então, o interculturalismo se difere de outros campos de estudo como a Antropologia e a Sociologia, já que todos estudam as culturas e instituições sociais humanas?

BENNETT – Bom, diferentemente da sociologia ou antropologia, que tendem a ter um olhar mais descritivo, o interculturalismo adota uma postura mais pragmática. Primeiro que nós somos da área da Comunicação, estudamos as formas de comunicação entre diferentes culturas e entre diferentes pessoas. O interculturalismo tenta entender como as pessoas criam sentido para os gestos, ações, palavras e para as outras formas sutis de comunicação e como usam isso para conviver. Estudamos para melhorar a interação entre as pessoas, para que elas se adaptem melhor umas às outras, para que o desentendimento seja diminuído e o entendimento entre duas pessoas diferentes seja melhorado. A Comunicação Intercultural é uma evolução da Teoria da Comunicação para um contexto mais global; defende que as pessoas precisam primeiro entender a si, aprender a dar significado a suas formas de comunicação, para poder criar significados que façam sentido para todos. Em uma situação, por exemplo, em que haja diferenças culturais entre duas pessoas, elas precisam entender quais são essas diferenças para daí saber como elas afetam a comunicação entre si para só então poderem chegar a um ponto em que a comunicação seja eficaz e as duas se entendam.

ÉPOCA – Como um interculturalista define essas diferentes identidades culturais dos povos?

BENNETT – É importante saber que existem três aspectos da identidade cultural. O primeiro é aquele em que a pessoa se enxerga, acima de tudo, como tendo tanto uma identidade cultural quanto uma identidade individual - e tirar a identidade individual de alguém é impossível. O segundo é um nível de análise mais social: nossa identidade cultural é formada pela interação com outras pessoas, e parte de nossa visão de mundo está ligada às nossas crenças e aos valores que nos foram impostos a partir de nossa vivência em uma sociedade, em um grupo coletivo.

Por fim, os interculturalistas defendem que se precisa pensar na identidade cultural das duas formas. Por exemplo, no Brasil, acredito, vocês têm uma identidade nacional - e os brasileiros participam, compartilham do sentimento de uma certa cultura nacional -, mas também existem claras divisões regionais e identidades locais associadas às regiões em que as pessoas vivem. Isso sem contar as identidades étnicas que têm a ver com o pertencimento a um certo grupo com uma certa identidade própria. No fim, os brasileiros não são nem só brasileiros nem são também só nordestinos ou sulistas; eles são tudo isso ao mesmo tempo. As identidades regionais e a nacional não se sobrepõem ou se anulam; eles são todas essas identidades, e elas contribuem para construir sua visão de mundo e definir seus padrões comportamentais.

ÉPOCA – E como se dá a interação entre essas diferentes identidades culturais dos povos?

BENNETT – Primeiro, há sempre tensão entre duas pessoas de culturas diferentes. Em um primeiro momento negamos a existência da diferença e ou queremos convertê-la ou eliminá-la. Após isso, porém, há a aceitação da diferença e o reconhecimento dela. Com isso, há espaço para uma adaptação entre essas duas pessoas e para a integração. Cada vez mais está sendo usado na área o termo “terceira cultura” para definir essa interação. Eu estou tentando me adaptar a você, você está tentando se adaptar a mim, mas nem eu quero ou posso me tornar você e nem você quer ou pode se transformar em mim. Apesar disso, ambos tentamos entender o mundo um do outro, e isso gera um espaço em comum entre nós, que não diz respeito nem à minha cultura e visão de mundo e nem à sua. Isso, esse espaço, está sendo chamado de “terceira cultura”. Mas não se deve esquecer que isso é apenas um conceito dinâmico, portanto não existe, por exemplo, um país com uma terceira cultura; é algo gerado pela tentativa de adaptação entre pessoas.

ÉPOCA – Partindo desse princípio, como um brasileiro, por exemplo, que recebe tantos imigrantes, consegue se adaptar à cultura estrangeira e continuar a funcionar dentro de sua própria sociedade?

BENNETT – Bom, esse é o centro de toda a questão. Por causa do aumento na demografia multicultural em todos os países, nós temos cada dia mais contato com pessoas de criações diferentes e de passados distintos. Gordon Allport, que escreveu o livro The Nature of Prejudice (A natureza do preconceito, sem tradução no Brasil), afirmou há quase meio século que quando você interage com pessoas culturalmente diferentes, e essa interação se dá em um âmbito sócio-econômico relativamente semelhante, há uma diminuição nos estereótipos que criamos do outro. No entanto, na maior parte das situações, essa interação envolve pessoas de classes diferentes, ou seja, com noções de poder diferentes. Isso faz com que queiramos nos segregar do grupo “mais fraco”. E quanto mais as pessoas são alimentadas com essa ideia de suposta superioridade - ou de que, na verdade, os outros é que são simplesmente inferiores -, ou ainda de que a pessoa de outra região está vindo roubar seus empregos, enfim, tudo isso cria estereótipos negativos que podem resultar em agressões. Mas no fundo somos todos iguais.

ÉPOCA – Existe uma forma de evitarmos esses estereótipos negativos?

BENNETT – Bom, podemos falar de um ponto de vista mais filosófico, e esse ponto de vista é que as pessoas podem mudar. Pegue, por exemplo, o homem das cavernas. Somos tão diferentes deles! E a nossa diferença para eles foi construída por atos conscientes de educação: nós ensinamos nossos filhos a fazer aquilo que achamos correto, criamos leis baseados no que acreditamos ser melhor para nossa sociedade... Por mais que o ser humano em si não seja modificável, seu comportamento o é.

O que acontece é que nosso comportamento natural, desde sempre, tem sido o de evitar as diferenças, e isso, infelizmente, pode ser traçado de volta até o mesmo homem das cavernas. Quando nos deparamos com o diferente, tentamos evitá-lo. Em um primeiro momento, tentamos até convertê-lo para que seja igual ao nosso ponto de vista, e aí acreditamos que está tudo bem. Basicamente, queremos que todas as pessoas no mundo sejam como nós, porque, afinal de contas, achamos que nosso ponto de vista é o correto. Infelizmente, porém, se essa conversão falha, a história mostra que o ser humano parte para a saída mais simples, que é eliminar o povo culturalmente diferente - e frequentemente isso acontece das maneiras mais horrendas.

Portanto, o que precisamos fazer é nos afastar dessa tendência natural; precisamos chegar a um ponto em que haja igualdade entre todos e entre diferentes sociedades; um ponto em que pelo menos a tolerância - e veja que não falo nem em apreciação pela diferença, mas na simples tolerância ao diferente - seja a base das relações sociais. Para tanto, precisaríamos de um esforço maior de toda a sociedade, principalmente dos pais, educadores e políticos, para constantemente lembrar-nos e nos ensinar que conviver com pessoas diferentes é bom.

ÉPOCA – Como o senhor analisa o que está acontecendo hoje com a sociedade?

BENNETT – Acredito que, no longo prazo, o que vai mudar é a forma como todos nós agimos. Acredito que estamos todos aprendendo, mas as pessoas ainda precisam desenvolver o que chamamos de “inteligência contextual”. É um termo que foi criado na Faculdade de Negócios de Harvard e que representa a capacidade de uma pessoa de entender o contexto de uma situação - mais do que entender as palavras, saber falar a mesma língua, é entender todo o contexto cultural dessa situação. Quanto mais rápido todos conseguirem reconhecer esse contexto, e quanto mais rápido conseguirem mover-se por contextos diferentes, mais fácil é a comunicação entre as pessoas. No campo intercultural, esse tipo de inteligência contextual é chamado de “competência intercultural”, e é exatamente essa competência que as pessoas precisam desenvolver para poderem se comunicar em um mundo cada dia mais conectado.

ÉPOCA – Como isso tudo pode ser feito?

BENNETT – Uma excelente oportunidade para desenvolver essa competência e as habilidades de um interculturalista é estudar fora ou morar um período no exterior ou em uma região diferente. Isso sozinho, porém, não é suficiente. Tipicamente, o que acontece é que as pessoas que planejam estudar fora são mal preparadas - se é que recebem algum preparo. A única coisa que se faz hoje, pela maior parte dos organizadores de tais viagens, é dizer às pessoas “aqui estão algumas informações sobre o seu país de destino”, mas isso está errado e não funciona. A alternativa que os interculturalistas recomendam é preparar essas pessoas com estratégias que lhes ajudem a desenvolver sua inteligência contextual, de forma que elas possam reconhecer as diferenças culturais e aprendam com isso. Mais do que saber que franceses gostam de queijo e vinho, é importante que a pessoa aprenda a adotar uma postura de análise intercultural frente a esses franceses e entenda por que eles gostam de queijo e vinho.

Também é importante que, durante a estadia no exterior, essa pessoa tenha um acompanhamento de perto, algo que chamamos de ensino facilitado. Eles são ajudados a entender suas próprias culturas para daí conseguirem enxergar onde estão as diferenças entre seus pontos de vista e os pontos de vista das outras pessoas. Esse tipo de aprendizagem intercultural deve ser facilitado durante a experiência; não adianta ser feito antes e nem depois. Por fim, há que haver um processo de retorno, que é quando a pessoa volta ao seu país, ao seu cenário cultural e precisa pôr em prática aquilo que aprendeu e se readaptar à sua realidade.